sábado, 27 de março de 2010

"Criminis” (novo)



Réus e jurados,
vítimas, juízes.
Defensores e promotores.

Todos discutindo
a mesma lamúria.
O pesar dos que já se foram,
e o chorar dos que clamam consolo.

Tribunal do júri.
Inicia-se a sessão.
Exposição da peça,
promotor e advogado,
no mesmo tablado.

Fatos, provas, perícias,
Depoimentos, testemunhas.
Primeiro acusação,
depois, defesa.
Gastando a sua tese,
no crime em que pese.

Quanto vale a vida?
E qual o preço da liberdade?
Liberdade e Prisão.
Qual o limite da sanção?

Tarefa ingrata.
Acusar e defender.
Um aponta o dedo adiante,
e quatro contra si.
E o outro dorme,
com a gravidade
das iniqüidades!


Não há como fugir, escapar,
das leis, das penas, do ofício.
E o preço a pagar,
é o vento, a paz, o sol...
Os filhos, a família.
Triste sacrifício

este de julgar!

Sem sono (novo)

Pra quê comprei uma agenda,
Se nem sei que dia é hoje.
Se não tenho compromissos importantes.
Reuniões a agendar
e discursos a declamar.

No momento só ouço,
o barulho do pernilongo
Zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz
a precipitar sobre
meu ouvido sonolento.

Rabisco versos,
porque bacharel metido a poeta,
não tem nada mais importante a fazer.

Só olho as estrelas pela janela,
que aliás são difíceis de aparecer
numa cidade tão nebulosa.
E fico a pensar besteiras
na minha cabeceira,
e escrever asneiras.

A esta hora...
Nem olho as horas...
Isso me dá insônia.